6.10.08










A Queda é uma peça provocadora, pelo seu tamanho,pela sua atmosfera,pelo seu assunto.
Um avião, que parece de brincar, pouco tempo depois de ter levantado voo, despenhou-se nas
traseiras de uma instituição escolar, uma peça um pouco irónica e talvez metafórica.As perguntas que se colocam serão então: qual a causa do acidente? Tera vítimas? Perguntas
óbvias e impulsivas, perante este tipo de acontecimento. O que leva o espectador, a procurar respostas no local, passando assim a ser obrigatoriamente um voyeur não só pela contemplação da peça mas também pela procura de algo, pela tentativa de ver o que existe ou existiu ali, pela
interrogação; levando-o a reflectir, a tirar algumas conclusões e a ficar com algumas dúvidas.O seu aspecto de brinquedo suaviza o acidente, tornando-se assim um cenário utópico. À partida, houve um momento dramático, o despenhar.No entanto o avião não sofreu grandes danificações.Não há vestígios trágicos,não há sangue, não há destroços, apenas há um indício de acidente, causado pela sua posição vertical em relação ao chão.As fitas de interdição ao local estão rompidas, apenas cobrem uma parte do espaço, faz pensar que o acidente terá acontecido há algum tempo, transmitindo um aparato inicial que acabou por cair no abandono.
Existem também memórias, as malas, a santa, a sebenta, a fogueira. Estes objectos fazem sentir que houve uma presença humana, transportando assim o espaço para um momento da vida real, criando uma ponte entre o imaginário e a realidade.
Uma viagem entre os dois extremos dessa ponte é o que esta instalação nos propõe.